sábado, 8 de março de 2014

167 CAÇADOR DE PASSARINHOS





CAÇADOR DE PASSARINHOS


 

Oh que infância adorável 

Experimentei no sertão

Não sabia que estava então

Num paraíso inefável...

Era uma vida saudável

Existência desprendida

Que o tempo logo passava

E eu não cuidava que estava

Gozando o melhor da vida.

                                            

Despertava ao amanhecer

Com o canto dos passarinhos

Ao levantar de seus ninhos

Buscando o sobreviver.

Como parte de meu lazer

Tinha a bolal nos terreiros

Era sempre um dos primeiros

Um craque dos de mão cheia

Dominava a bola de meia

Com lances belos, matreiros.

 

Adorava caçar sempre só

Com baladeira e bodoque

Pescar de landuar e choque

Feito de puro cipó.

Balear o triste socó

Sempre sozinho e infeliz

Assim meio lelé da cuca!...

E pegar de arapuca

 Juriti e a codorniz.

 

Com um bornal sob a axila          

Que no  pescoço amarro

Contendo balas de barro

Do tamanho duma bi La...

Era uma caçada tranqüila!

Usava BLUSÃO de crepe.

Na cabeça um negro quepe

Feito de meia de linho.

 

Protegendo dos espinhos

Alpercatas de currulepo

              

A adolescência é a fase

Mais doce de nossa vida

Se com saúde vivida

Ela é de tudo a base

Não existem coisas más

Onde há saúde e paz

Muita fé e muito amor.

-Tudo se torna um primor

 Do resto se corre atrás

 

 

Aquela época previa

Um porvir cheio de glória

Dum futuro com estória

Cuja se não conhecia

Uma autêntica profecia

Deste  viver benfazejo!

Quando tudo quanto almejo

Desde aquela fase ida

Tenho alcançado na vida

Tudo, tudo, como desejo!

 

João Bitu
... tem tudo a ver!
MEUS TEMPOS DE CRIAMÇA
Ataulfo Alves


O CANTO DO UIRAPURU
 

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