189 FELIZ
EXPERIÊNCIA
Em 1956, mais precisamente nos
últimos dias do mês de dezembro, como minha estimada Tia Isa Bitu anotou em sua
preciosa memória, Várzea Alegre assistia a minha partida viajando no misto de Lourival Clementino para a
cidade de Crato, onde tomaríamos o ônibus de Zé Suvela
com destino ao Rio de Janeiro, com o propósito de arranjar emprego naquele encanto de cidade
maravilhosa.
É importante dizer que só
levava comigo a vontade de enfrentar o desconhecido a todo custo, muita
ousadia, pouco dinheiro no bolso e uma recomendação por carta a um amigo que
mora-
va lá desde muito tempo e nada
mais. Aliás, o destinatário daquela missiva pouco ou nada conseguiu me oferecer
em termos de ajuda qualquer que fosse.
Chegamos a marcar um encontro na Galeria Cruzeiro, na avenida Rio Branco, ou proximidades,
mas, até hoje estaria
esperando por ele a menos que desistisse, como fiz, mesmo porque a
dita galeria foi demolida logo
em seguida.
A custo de muito sacrifício e
grandes decepções, terminei por conseguir o tão almejado empre
go! pois, diga-se de
passagem, há naquela região Leste! Sudeste,
ou seja, Rio! São Paulo e adjacên- cias, uma certa discriminação e despeito para com o nortista em geral. Mas, ultrapassamos a primeira e maior
dificuldade e fomos admiditdos no Banco de São Paulo, no estado do Rio de Janeiro, com o habitual salário minimo e, olhe lá, já era alguma coisa desde que a barriga
começava a roncar mostrando a necessidade de socorros
alimentícios.
Em maio de 1957, isto veio a
acontecer, depois de termos exercido alguns quebra galhos de emprego de natureza
menos pretendida que ser bancário, iniciamos o novo trabalho. Fomos muito bem sucedidos. Felizmente, o
trabalho era bem ao gosto e alcance do iniciante e logo conquistamos a simpatia
dos colegas e o êxito sonhado.
Onde está a vontade do Pai, tudo se desenvolve
às mil maravilhas e finalmente tudo aconteceu de bom em nossa vida.
Por dez longos anos, fui
funcionário do mesmo estabelecimento e cheguei a ocupar cargos bem elevado, graças aos meus esforços e a minha dedicação. Deus me conduziu em seus braços por onde andei e por toda existência. Lá estive
durante uma década inteirinha sem o menor problema.
Voltei a minha terra Natal por opção, impulsionado pelo amor e pela saudade que já não su- portava mais, encravadas
bem no âmago de meu coração sofrido, da gente doce e amável de
minha querida cidade Várzea
Alegre e do Sítio Carnáubas, o lugar
onde está enterrado meu umbigo,
que segundo se costuma dizer
entre nós, tem um ímã muito forte e
inestingúivel.
Assim, pois, se passaram pouco
mais de dez anos, hoje estou aqui com o coração transbordan-
do de contentamento ao lado de
meus familiares e dos costumes de nossa amada terra.
Adeus cidade maravilhosa!
João Bitu