terça-feira, 21 de outubro de 2014

158 DAS CARNAÚBAS À CIDADE





158  DAS CARNAÚBAS À CIDADE

Quero hoje andar montado
Através do pensamento
Esquecer por um momento
Este viver agitado
Cavalgando no passado!!
Meu bom Pai por empreitada
Confiava-me a jornada
De ir à RUA em cangalha
Se a memória não me falha
Sempre na burra Dourada!


Eu usava este animal
Quase que todo dia
Pra buscar mercadoria
Na bodega de Lourival
Aquilo mais trivial
De grande necessidade.
O de maior raridade
Se ali viesse a faltar
Então eu ia comprar
Noutros pontos da cidade.


Eu saia às sete horas
Pela manhã bem cedinho
Cavalgando com carinho
Não usava nem esporas! ...
Se não houvesse demoras
Nada surgisse em contrário
Ao curso do itinerário,
Após cumprir a missão
Sem causar preocupação
Voltava sempre no horário


Montava junto à calçada
Acionava a condução
Pelo lado do casarão
Iniciava a jornada
Que me fora confiada.
Minha vontade primeira
Era de qualquer maneira
Parar um pouco que fosse
Na casinha de João Posse
Depois chegar a Ribeira!


Eu nem sentia calor
Alegre e sempre cantando
Minha montada trotando
Até Manoel Salvador,
Eu dava o maior valor!
Ninguém mais feliz que eu
Nada mau me aconteceu
Era uma maravilha
Depois chegava à Forquilha
Onde minha Mãe nasceu!


Um pouquinho antes só
Tinha Maria Vitorino
Que cozia um divino
E gostoso Pão de Ló,
Cujo, segundo Vovó,
A gente come que abusa
Por mais que ela produza
Não logra dar vencimento
Tudo se vai em um momento
Pondo o freguês ao relento
E muita gente confusa!



Atravessava o Machado
Uma ponta do Riacho
 Ali já perto eu acho
Se não estou enganado
Era meio caminho andado.
Minha burra era um tesouro
E sempre dava no couro
Em tempo algum falhava,
Logo, logo se alcança
A várzea do Bebedouro.



São Cosme ficava adiante
Logo após Bebedouro
“Dos “COSTA” um logradouro”
Seu principal habitante
Uma família importante!
Para falar a verdade
Com toda sinceridade
Eu já me sentia assim
Depois de Fábio Pimpim
Em clima já da cidade.


Quando a tarde começava
Eu já estava voltando
Bem devagar cavalgando
Como sempre eu gostava
E o bom senso mandava.
O sol quente feito brasa
Mas isto não me atrasa
Fazia mesmo questão
De não causar inquietação
Chegando na hora em casa



Com a carcaça cansada
Porém muito satisfeito
Comprara tudo direito
Não tinha esquecido nada,
Também a burra Dourada
Apesar do corpo doído
Eu estava convencido,
Pela sua expressão
Que mostrava a sensação
Também, do dever cumprido.


João Bitu





domingo, 19 de outubro de 2014

157 POR FORÇA DAS CIRCUNSTÂCIAS


157  POR FORÇA DAS CIRCUNSTÂNCIAS


Entendi que é necessário
E uma necessidade extrema!
Através de um poema
Que desde o ciclo primário
Mostrar quão fui “solitário”.
Em verdade, em verdade
Nunca tive tranquilidade
Afastado do meu lar
Quase sempre sem gozar
Paz na minha mocidade!

Logo cedo fui sacado
Para estudar na cidade
Afastado na verdade
Da família abandonado
Sem “um” parente ao meu lado.
Deixei de ser dos primeiros
Pra conviver com terceiros
Sempre em segundo plano
À mercê do abandono
Dos parentes verdadeiros!

Com pouco tempo adiante
Tornei a ser transferido
Deixei meu torrão querido
Pelo dever de estudante
E fui morar mais distante
Verdadeiro sacrilégio.
Fui estudar num Colégio
No famoso Cariri
Quatro anos morei ali
Se bem que era um privilégio!

Mas família na verdade]
Ficando sempre distante
Eu lembrava a todo instante
Com enorme intensidade
Porém restava a saudade!
Parecia um prisioneiro
Um cidadão desordeiro
Pelo destino marcado
Por fim fui depois levado
Para o Rio de Janeiro.

Gostando ou não gostando
Por dez anos lá morei
O que sofri só eu sei
A saudade suportando!
E a solidão amargando
Convivi só com tristeza
Enfim vim pra Fortaleza
P1ra perto dos meus viver
Depois de tanto sofrer
Desengano e incerteza!

Aqui no meu Ceará
Vivo bastante feliz
A vida bem que condiz
Em vista do que foi lá
Prefiro viver por cá.
Mas sou forçado a lembrar
Com mágoa e muito pesar
Em tantas plagas ficando
Em tanto lugar morando
Menos no antigo Lar!


Pois que fique demonstrado
Como sempre estive ausente
Distante de minha gente
Sem o calor desejado
Pois fora do lar fui criado.
E se agora muita gente
Diz que eu sou diferente
Não é minha a culpa, não...
Foi pobreza de afeição
Na juventude carente!

Asseguro com certeza
Que em todas essas passagens
Fui alvo de desvantagens
Sofri profunda tristeza
Mas de resto é só beleza
DEUS me deu esta virtude
A firmeza de atitude
Olhar fixo para frente
Com a gratidão em mente.
O QUE VALE MESMO É SAÚDE!!!


João Bitu


( Dedico a minha família )




 [JAB1] 






segunda-feira, 13 de outubro de 2014

156 CONFISSAO




CONFISSÃO

Andei triste... fiz até jura.
Pretendi não mais rimar
Pensei mesmo em parar
E dedicar-me a leitura.
Sem ânimo e sem postura,!
Pensei melhor, entretanto,
Em prosseguir por enquanto,
Foi aí, então, que a fé
Fez manter-me de pé
E pôs fim ao desencanto!


Fazendo todo o possível
Criei a primeira estrofe
Verifiquei pelo roscofe
E achei então incrível!
Pois fiz em tempo plausível.
E adotei outra conduta
Com certeza absoluta
De que vou me superar
Pretendo me recuperar
E continuar na luta.


A família me incentiva
E os amigos também
Assim acho que convém
Voltar firme para ativa.
É a melhor perspectiva
Pra mais uns anos de vida
Uma vida bem mais vivida
Com esperança e coragem
Seguir firme na viagem
 Viagem mais aguerrida!


Fazer versos foi o dom
A que DEUS me encaminhou
E se abrir mão eu vou
Caminhar fora de tom
Não é mesmo nada bom,
É não ser reconhecido
E nem pouco agradecido
Pela graça recebida
Que me deu razão de vida
E me fez mais conhecido!


Não busco notoriedade
Quero apenas ser feliz
Fazendo como se diz
O que gosto na verdade,
Com toda sinceridade!
Se um pouco de estro resta
 Para o que quero se presta
Vou seguindo o meu caminho
Com muito amor e carinho
E o coração em festa!


O meu muito obrigado
Para quem me encoraja
E que muita gente haja
Sempre forte  ao meu lado
Deixando-me encorajado!
Segurando  firme o remo
Nada no mundo eu temo
 Conduzindo a minha  nau
Nada me haverá de mau
Com a proteção do Supremo!


João Bitu











 [JAB1]prefirme


segunda-feira, 6 de outubro de 2014


PAUSA PARA MEDITAÇÃO–(Reprise) por João Bitu
É deveras impressionante como os tempos impõem modificações nos hábitos e costumes das pessoas, contribuindo para transformar e, por vezes, aprimorar o relacionamento entre jovens e adultos, notadamente, à proporção em que no dia a dia os fatos vão ocorrendo alheios às nossas pretensões. Tudo se modifica ao mesmo tempo em que nos transformamos também, à mercê de comportamentos indiferentes aos princípios de nossa origem de vida, tais como nos foram legados por nossos ancestrais. É como se tudo precisasse ser mudado e uma atualização se fizesse necessária em nossa existência. Só que, entendo serem estas atualizações procedidas de maneira um tanto alheia e indiferente aos nossos propósitos e nossas previsões. A vida se transforma sem que percebamos, é impressionante!
Não atentamos para determinadas atitudes ousadas no tratamento que é dispensado aos nossos semelhantes de idades mais avançadas. As pessoas mais idosas perdem gradativamente o direito de serem respeitadas como tais. A juventude não tem sido preparada por seus superiores para conservar o respeito e a obediência a quem de direito. As coisas, em geral, não são mais como antigamente. Será que tudo o que acontece é para melhorar a vida gente? A modernização que se opera em nosso cotidiano será mesmo um corretivo ou estímulo para aperfeiçoar os atuais usos e costumes? Tudo mesmo?
Certo é que há uma enorme diferença entre a atualidade e o passado. Estamos completamente diferentes de outrora, na maneira de vestir, na forma de como nos comunicar com o próximo, em como conquistar amizades e saber conservá-las e, como já fiz referência acima, dispensar o respeito e admiração aos nossos concidadãos que alcançaram a honrosa terceira idade com sacrifício, com luta e com amor. Aliás, dizia-me um amigo, “ficar velho até que é muito bom, difícil mesmo é ser velho”. Todos nós sonhamos e almejamos viver bastante, assistir o nascimento e crescimento de filhos, netos, bisnetos e mais aderentes na plenitude de nossa saúde e bem estar. Mas “caducar” não... só se for no sentido de brincar, acariciar e bajular os descendentes.
Entre os doze e vinte anos de idade, no ápice da adolescência, experimentei uma fase de acentuada timidez, ao ponto de me tornar portador de enorme complexo de inferioridade. Tudo era belo ao meu redor, menos eu. Todos mereciam afeição, admiração, cobiça pessoal, menos eu. Custei a superar certos preconceitos, enfim consegui quase totalmente, graças a repetidos acontecimentos merecedores de uma melhor análise e reflexão. Os tempos se encarregaram, realmente, de nos transformar a qualquer custo.
Lentamente fui amadurecendo e enriquecendo meus propósitos de vida, idéias e pretensões pessoais. Começava a surgir uma nova perspectiva e razão de ser. Comecei a aprender com os próprios erros cometidos ao longo da existência. E como aprendi?
Recentemente, por telefone, conversava com uma de minhas melhores amigas, daquele saudoso e longínquo passado e lembrava que a nossa amizade fora imensa, altamente saudável e duradoura e acrescentava: Só não fomos namorados porque eu achava que você não me queria, ao que ela respondeu: Porque é que você pensava assim?.
Ora, diante de minha timidez e como nos comportávamos na ocasião, era assim que as coisas aconteciam. Faltava iniciativa entre os dois e mais que isto, receio, medo de levar uma mala. Talvez os dois se quisessem!
Quem sabe se um grande amor não existia e o temor e falta de coragem não o deixaram vingar? Tudo é possível,
Não teria sido melhor se tivesse havido um pouquinho de confiança e ousadia e não timidez entre ambos?
DEUS o sabe e é por sua vontade permissiva que o tempo se encarrega de tudo, convenhamos. Deixemos as coisas acontecerem como ELE o deseja e tentemos compreender,
Tudo passa sobre a Terra – disse José de Alencar.
João Bitu
(Dedico esta reprise a minha sobrinha Cristiana Bitu

domingo, 5 de outubro de 2014

O SÍTIO CARNAÚBAS



                                   O SÍTIO CARNAÚBAS

 

É um pedaço de chão fértil, produtivo e saudável situado no Município de Várzea-Alegre à encosta do Riacho do Machado, vertiginosamente belo e utilíssimo pela enorme riqueza das águas correntes que banham as margens verdejantes, quando das enchentes transbordantes durante    o período chuvoso.  É de uma riqueza imensurável que presenteia seus habitantes com muita alegria e felicidade em razão da farta  produção agrícola e da pastagem abundante que alimenta os animais ali existentes.

Aquele sítio fica situado entre as Lagoas e Juazeirinho no sentido Várzea-Alegre/Distrito do Canindezinho, próximo à Estrada Velha e Jatobá onde tremulava a folhagem nos famosos pés de Juazeiro, em número de quatro, com sombra  convidativa para os transeuntes costumeiros que lá descansavam de suas caminhadas.

Nas Carnaúbas, pois, foi onde POMPILIO VELHO testemunhou o meu nascimento que originou o surgimento de uma prole bem sucedida e estimada que veio a se chamar “A BITUZADA”, por determinado poeta em inspirada ocasião.

ZÉ BITU – seu líder abençoado - era um homem de muita inteligência e sabedoria e até certo ponto um tanto introvertido, não se ligando ao “disse me disse” que de qualquer esquina par-
tia, limitando-se ao repente habitual que lhe era instintivamente comum, contando-o na ocasião e local adequados.

Ao seu lado Dona Vicentina, a companheira virtuosa e dinâmica vigiava com rara competência a criação dos filhos a quem juntos davam educação a mais completa e primordial, incutindo neles com muito amor os princípios necessários ao dia de amanhã.  Eram os dois, exemplos da mais perfeita grandeza e harmonia diante da prole constituída.

Dona Vicentina tinha uma irmã chamada ZUCA, que nasceu na FURQUILA, uma moça muito dócil, bonita e prendada que foi morar conosco nas CARNAÚBAS, onde nos fez companhia por longos anos, até que contraiu núpcias com EURICO DUARTE, foi morar em sua própria casa e posteriormente migraram rumo a SÃO PAULO e outros lugares adjacentes nos quais permanecem até hoje os seus descendentes.

Além deles, ali residiam os meus Tios Nonôe, Isa e Afonso Bitu descendentes de JOÃO ALVES FEITOSA BITU daquela gente que teve sua origem junto à enorme ramificação que habitava no Sanharol, oriunda dos sertões de Inhamuns.

Antônio Alves Bitu, meu estimado Padrinho Nonõe, era um fumante inveterado, tinha sempre
seu cigarro de palha colocado  atrás da orelha quando não estava tragando, vício que resultou  levando-o precocemente à sepultura.

Tia Isa – santa criatura – casada com Chico Chicô, morava  num chalé muito bem acabado  jun-
to do famoso Coaçu que sombreava o passadiço e a cancela da manga dos BITUs.  perto do   Jaburu, paraíso agrícola do CEL.ZÉ VITORINO, cidadão  muito rico da região.   Era muito reli-
giosa e asseada, razão porque era alvo de nossa ais acentuada  simpatia.
 
Afonso Bitu – o caçula daquela geração em vida    entre os quatro era o mais sacrificado eco-
nomicamente, vítima ainda de uma viuvez inesperada tendo que assumir a criação de  quatro
filhos pequenos e sem recursos, coitado.
 
Esta era a família Bitu que ocupava  o nosso querido Sítio Carnaúbas ainda hoje estimado   
que jamais será esquecido em seus mais íntimos pormenores.
Como morador ainda daquela doce localidade, ocupando um tosco casebre de taipa  e,
 vivendo na mais absoluta pobreza, carregado de filhos, só ele e DEUS  para criá-los, havia naquela época ainda  POMPILIO JOSÉ DUÓ   o meu inesquecível amigo, professor e poeta, a quem devo muito do pouco que consegui aprender no âmbito da poesia.
Daria muito para voltar a vivenciar com aquela gente maravilhosa e saudável do adorável rincão onde fui feliz um dia. Adeus terras de meu coração, que DEUS as conserve em toda sua
magnitude.  Um caloroso abraço gente de saudosa memória!

Que saudades daquela infância de glórias
Quando e onde estas coisas se passaram
E outros tantos fatos ocorreram
Suscitando esta  singela história
Que pra sempre guardarei na memória.
Personagens e firmas verdadeiros
Dos primeiros até aos derradeiros
De que falo com toda sinceridade
Com orgulho e muita propriedade
Como são hábitos meus costumeiros!!.

João Bitu