196 REFLEXÃO
É deveras impressionante como
os tempos impõem modificações nos hábitos e costumes das pessoas, contribuindo
para transformar e, por vezes, aprimorar o relacionamento entre jovens e adultos,
notadamente, à proporção em que no dia a dia os fatos vão ocorrendo alheios às
nossas pretensões. Tudo se modifica ao mesmo tempo em que nos transformamos
também, à mercê de comportamentos indiferentes aos princípios de nossa origem
de vida, tais como nos foram legados por nossos ancestrais. É como se tudo
precisasse ser mudado e uma atualização se fizesse necessária em nossa
existência. Só que, entendo serem estas atualizações procedidas de maneira um
tanto precipitada.
Não atentamos para determinadas
atitudes ousadas no tratamento que dispensamos aos nossos semelhantes de idades
mais avançadas. As pessoas mais idosas perdem gradativamente o direito de serem
respeitadas como tais. A juventude não tem sido preparada por seus superiores
para conservar o respeito e a obediência a quem de direito. As coisas, em geral,
não são mais como antigamente, sofrem estranhas modificações.
Será que tudo o que acontece é
para melhorar a vida da gente? A modernização que se opera em nosso cotidiano
será mesmo um corretivo ou estímulo para aperfeiçoar os atuais usos e
costumes? Tudo mesmo?
Certo é que há uma enorme
diferença entre a atualidade e o passado.
Estamos completamente diferentes de outrora, na maneira de vestir, na
forma de como nos comunicar com o próximo, em como conquistar amizades e saber
conservá-las e, como já fiz referência acima, dispensar o respeito e admiração
aos nossos concidadãos que alcançaram a honrosa terceira idade com sacrifício,
com luta e com amor. Alias, dizia-me um
amigo, “ficar velho até que é muito bom, difícil mesmo é ser velho”. Todos nós
sonhamos e almejamos viver bastante, assistir o nascimento e crescimento de
filhos, netos, bisnetos e mais aderentes na plenitude de nossa saúde e bem
estar. Mas “caducar” não, só se for no sentido de brincar, acariciar e bajular
os descendentes.
Entre os doze e vinte anos de
idade, no ápice da adolescência, experimentei uma fase de acentuada timidez, ao
ponto de me tornar portador de enorme complexo de inferioridade. Tudo era belo
e valioso ao meu redor, menos eu próprio. Todos mereciam afeição, admiração,
cobiça pessoal, menos eu. Custei a superar certos preconceitos, enfim consegui
quase totalmente, graças a repetidos acontecimentos merecedores de uma melhor
análise e reflexão. Os tempos se encarregaram, realmente, de nos transformar a
SUA maneira.
Lentamente fui amadurecendo e
enriquecendo meus propósitos de vida, alterando anseios e pretensões pessoais.
Começava a surgir uma nova perspectiva e razão de ser. Comecei a aprender com
os próprios erros cometidos ao longo da existência adquirida. E como aprendi?
Recentemente, por telefone,
conversava com uma de minhas melhores amigas, daquele saudoso e longínquo
passado e lembrava que a nossa amizade fora imensa, altamente saudável e
autêntica” e acrescentava: Só não fomos namorados porque eu achava que você não
me queria, ao que ela respondeu: Porque
é que você achava assim?
Ora, diante de minha timidez e
como nos comportávamos na ocasião, era assim que as coisas aconteciam. Faltava
iniciativa entre os dois e mais que isto, receio, medo de levar “uma mala”,
como se costumva dizer.
Quem sabe se um grande amor não
existia entre nós e o temor e falta de coragem não o deixaram vingar?
Não teria sido melhor se
tivesse havido ousadia e não timidez entre ambos? Bem que é possível. Reflitamos!
DEUS o sabe e é por sua vontade
permissivel que o tempo se encarrega de tudo.
Tudo passa sobre a Terra –
disse José de Alencar.
João Bitu