terça-feira, 1 de março de 2016

190 AS QUERMESSES





190             AS QUERMESSES

           Havia nas proximidades do Distrito de Canindezinho, município de Várzea-Alegre, entre as CARNAÚBAS e o AÇUDE das CARAÍBAS, seguindo a estrada velha, um pequeno povoado que teve a sua criação por iniciativa e direção do Senhor Miguel Marica, avô do poeta, cantor e compositor JOSÉ CLEMENTINO, cidadão muitíssimo conceituado  na região.
Na década de quarenta, foi erguida uma Capelinha muito bonita de onde as missas e as demais cerimônias religiosas passaram a ser celebradas em suas dependências, quando, anteriormente, ocorriam na residência daquele patriarca.
 Com a edificação da Igreja, Padre Otávio, batizou o local com o nome de ”MIGUELÓPOLES”, em homenagem ao seu fundador,  que significa cidade de MIGUEL.
                    Por ocasião dos festejos acorriam, muitas pessoas atraídas não somente pelas atividades religiosas, que eram dignas de muito respeito e apego, mas também, e, principalmente pela existência de comestíveis diversos e a apresentação de brinquedos infantis como reco-reco, colares de coco catolé, bolinhas plásticas de variadas cores e inúmeras outras maravilhas que encantavam os olhos da criançada.
                    O vigário de Várzea Alegre era o Padre José Otávio de Andrade, nascido em Bebedouro, na região dos Inhamuns, muito estimado, sem exceção por toda gente da comarca.
Tinha como assistente principal, João Batista (ou João de Seu Amadeu), um cidadão queridíssimo notadamente pelo seu alto senso de humor, por todos que o conheciam. Costumava fa-
zer presepadas, das mais interessantes possíveis e contar anedotas ao seu gênero.
                Nos festejos, eram criados dois partidos com o objetivo de angariar fundos para custeio das despesas, esses eram: O partido AZUL e o partido ENCARNADO, que davam motivação a uma
acirrada disputa que esquentava os ânimos de seus participantes.                                                                                            
                               De toda circunvizinhança, vinham fiéis cheios de fé e confiança buscando ativar e renovar seus propósitos e sua luta contra o pecado, pela assistência às cerimônias re-
ligiosas, pela confissão e pela comunhão por intermédio do  sacerdote aos pés de Santo Altar.
A Capela, toda enfeitada com flores e as imagens alegremente rodeadas de inscrições com dizeres cristãos davam a tonalidade fiel das comemorações. Era uma atração à parte. Lá fora, a alegria contagiava com o pipocar dos fogos de artifícios, bombas, estalos e gritos estridentes das crianças, gerando um majestoso espetáculo.             .
                                    Até de localidades mais distantes, as pessoas de todas idades vinham aos festejos para assistir as missas, rezar, confessar seus delitos e comungar diante do sacerdote.
Eis que em certa ocasião, como nos foi relatado pelo próprio sacristão, duas senhoras, já de idades bastante avançadas, chegaram para receber aqueles sacramentos da Igreja. Contudo, a cerimônia já havia terminado há algum tempo, o que as levou a lamentar e chorar copiosamente. Compadecido diante daquele triste malogro, João Batista, um homem solícito e caridoso, entretanto, não muito comprometido com os rígidos critérios da Santa Igreja, achou por bem contemplar as duas velhinhas sofridas com a realização da santa comunhão e o fez pessoalmente. Por alcançarem as suas aspirações, as respeitáveis Senhoras vibravam de contentamento e felicidade.

                                          O que não se sabe, entretanto, é qual teria sido a reação de Padre Otávio, ao tomar conhecimento daquele procedimento gratuito de nosso bem estimado e, prestativo Sacristão  -  João de Amadeu.

João Bitu

                                                          


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