190 AS QUERMESSES
Havia nas proximidades do Distrito
de Canindezinho, município de Várzea-Alegre, entre as CARNAÚBAS e o AÇUDE das
CARAÍBAS, seguindo a estrada velha, um pequeno povoado que teve a sua criação
por iniciativa e direção do Senhor Miguel Marica, avô do poeta, cantor e compositor
JOSÉ CLEMENTINO, cidadão muitíssimo conceituado
na região.
Na década de quarenta, foi
erguida uma Capelinha muito bonita de onde as missas e as demais cerimônias
religiosas passaram a ser celebradas em suas dependências, quando,
anteriormente, ocorriam na residência daquele patriarca.
Com a edificação da Igreja, Padre Otávio,
batizou o local com o nome de ”MIGUELÓPOLES”, em homenagem ao seu fundador, que significa cidade de MIGUEL.
Por ocasião dos festejos acorriam, muitas pessoas
atraídas não somente pelas atividades religiosas, que eram dignas de muito
respeito e apego, mas também, e, principalmente pela existência de comestíveis
diversos e a apresentação de brinquedos infantis como reco-reco, colares de
coco catolé, bolinhas plásticas de variadas cores e inúmeras outras maravilhas
que encantavam os olhos da criançada.
O vigário de Várzea Alegre era o Padre José
Otávio de Andrade, nascido em Bebedouro, na região dos Inhamuns, muito estimado,
sem exceção por toda gente da comarca.
Tinha como assistente
principal, João Batista (ou João de Seu Amadeu), um cidadão queridíssimo
notadamente pelo seu alto senso de humor, por todos que o conheciam. Costumava
fa-
zer presepadas, das mais interessantes possíveis e contar anedotas ao
seu gênero.
Nos festejos, eram
criados dois partidos com o objetivo de angariar fundos para custeio das
despesas, esses eram: O partido AZUL e o partido ENCARNADO, que davam motivação
a uma
acirrada disputa que esquentava os ânimos de seus participantes.
De
toda circunvizinhança, vinham fiéis cheios de fé e confiança buscando ativar e
renovar seus propósitos e sua luta contra o pecado, pela assistência às
cerimônias re-
ligiosas, pela confissão e pela comunhão por intermédio do sacerdote aos pés de Santo Altar.
A Capela, toda enfeitada com flores e as imagens alegremente rodeadas
de inscrições com dizeres cristãos davam a tonalidade fiel das comemorações.
Era uma atração à parte. Lá fora, a alegria contagiava com o pipocar dos fogos
de artifícios, bombas, estalos e gritos estridentes das crianças, gerando um
majestoso espetáculo. .
Até de localidades mais distantes, as pessoas de todas idades vinham aos
festejos para assistir as missas, rezar, confessar seus delitos e comungar
diante do sacerdote.
Eis que em certa ocasião, como nos foi relatado pelo próprio sacristão,
duas senhoras, já de idades bastante avançadas, chegaram para receber aqueles
sacramentos da Igreja. Contudo, a cerimônia já havia terminado há algum tempo,
o que as levou a lamentar e chorar copiosamente. Compadecido diante daquele
triste malogro, João Batista, um homem solícito e caridoso, entretanto, não
muito comprometido com os rígidos critérios da Santa Igreja, achou por bem
contemplar as duas velhinhas sofridas com a realização da santa comunhão e o
fez pessoalmente. Por alcançarem as suas aspirações, as respeitáveis Senhoras
vibravam de contentamento e felicidade.
O que
não se sabe, entretanto, é qual teria sido a reação de Padre Otávio, ao tomar
conhecimento daquele procedimento gratuito de nosso bem estimado e, prestativo
Sacristão - João de Amadeu.
João Bitu
Meus agradecimentos a JAD BITU pela sua vaiosa ajuda na redação
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