quarta-feira, 23 de julho de 2014

NOSSA RUA INESQUECÍVEL




                        NOSSA RUA INESQUECÍVEL

                        A Rua Major Joaquim Alves em Várzea-Alegre, tinha início junto à Usina Primo na entrada da estrada que leva ao curso do Machado, conduzindo aos Grossos através de um longo e estreito corredor alagado durante o período chuvoso, ladeado por cercas de arame farpado.  À esquerda fica a Praça Santo Antônio e ao lado direito a Bethânia, por cujo bairro acessa a cidade toda aquela gente procedente das Carnaúbas e de tantos outros sítios ao leste do Município.
                        A cidade ali começava e numa ligeira subida até a bodega famosa de ZEBITU, tinha pela frente  um  monte não muito grande chamado Alto dos Silvas, pequeno trecho de rua onde foi construída a Capelinha de São Francisco, habitado em sua maior parte pela família Frutuoso,  gente bastante estimada na localidade.
                        A Major Joaquim Alves tendo de em lado a Usina Diniz e do  outro a renomada Mercearia de Zebitu, prosseguia rumo ao Centro, em perfeito alinhamento, abrigando famílias ilustres e bem relacionadas. A majestosa Igreja de São Raimundo Nonato, tinha em frente uma pracinha simples, cuja beleza  natural era ofuscada pelo esplendor da Igreja Matriz. A casa Paroquial era situada na esquina  da praça que por uma estreita rua ia findar na Lagôa de São Raimundo Nonato, próxima ao bairro Vazante de saudosa recordação.
                        Reiniciava-se o trajeto e sempre portando belas residências ia parar junto à Praça Velha, cortada pelo Beco de Gobira ( hoje ZÉ Clementino merecidamente), tendo em frente um antigo prédio onde funcionaram os estúdios da Amplificadora “A VOZ DE VÁRZEA ALEGRE”, órgão de reconhecida utilidade pública, notadamente,  para a nossa juventude. Este lado da Rua prosseguia até a loja de Natanael Moreno e, consequentemente, a Praça Nova, hoje conhecida por Praça dos Motoristas. No lado oposto havia em grande escala a existência de Lojas de Tecidos.  Desde Zé Rolim até Vicente Moreno e Casa ABC e depois a Farmácia de Hamilton Correia. Aí findava nossa rua. Começavam a Rua do Juazeiro e  a Duque de Caxias, também com outras denominações atualmente.
                        A praça Nova era o ponto de encontro da Juventude, que passeava à noitinha ao som das mais  lindas músicas e onde tiveram início grandes romances. Pode-se dizer que aquele local poderia ser chamado o coração da doce terra!
Enfim, ao término da citada rua. estavam as residências do industrial Joaquim Diniz e a do Famacêutico Hamilton Correia, que foi por várias vezes Prefeito da cidade.
                        Salve Várzea-Alegre, salve nossas pracinhas, salve o lugar que foi o berço de nossas existências. Muita coisa poderá  ser mudada, mas não mudará jamais  o nosso amor por aquelas plagas abençoadas, donde ausentes estamos por força do destino, mas apenas fisicamente, porquanto, os nossos corações alí permanecem para sempre fincados.
DEUS assim nos conservará!
João Bitu

                       




terça-feira, 22 de julho de 2014

AS QUERMESSES EM MIGUELÓPLIS


                                            AS QUERMESSES EM MIGUELÓPOLES

                              Anualmente por ocasião dos festejos juninos acontecia no sítio Juazeirinho, localidade situada bem ao lado da ribeira ou Estrada Velha entre as Canaúbas e o Açude das Caraíbas, já nas proximidades do Distrito de Canindezinho, num pequeno povoado que foi criado por iniciativa e direção do Senhor Miguel Marica, avô do cantor e compositor ZÉ CLEMENTINO, cidadão muitíssimo conceituado naquela região - as  comemorações  em alto estilo  dos festejos juninos e de São Pedro.o.

                              Entre as décadas de quarenta e cinquenta foi erigida uma Capelinha muito bonita e daí as missas e demais cerimônias religiosas passaram a ser celebradas em suas dependências, quando antes ocorriam na residência daquele patriarca. Com a edificação da Igreja, Padre Otávio batizou o locai com o nome de” MIGUELÓPOLES” em  homenagem ao seu fundador,  que significa  cidade de MIGUEL.

                             Por ocasião dos festejos acorriam muitas  pessoas atraídas não somente  pelas  atividades religiosas que eram dignas de muito respeito e apego, mas também e principalmente pela existência de comestíveis diversos e   a apresentação   de  brinquedos infantis como reco-reco, colares de coco catolé, bolinhas plásticas de variadas  cores e  de inúmeras  outras  maravilhas que encantam os olhos da  criança.

                                 O vigário de Várzea Alegre era o Padre José Otávio de Andrade, nascido em Bebedouro na região dos Inhamuns, estimado sem exceção por toda gente da comarca. Tinha como assistente principal, João Batista (ou João de Seu Amadeu), uma figura queridíssima notadamente pelo seu alto senso de humor, por todos que o conheciam.  Costumava fazer presepadas as mais interessantes possíveis e contar anedotas ao seu gênero.

                                        Eram criados dois partidos com o objetivo  de angariar  fundos  para custeio das despesas a saber: O partido AZUL e o partido ENCARNADO, que davam motivação a uma acirrada disputa que esquentava os ânimos de seus participantes e adeptos.                                                                                                                                                                                                                                       

                               De toda circunvizinhança vinham fiéis cheios de fé e confiança em busca de ativar e renovar seus propósitos e sua luta contra o pecado, pela assistência às cerimônias religiosas, pela confissão e pela comunhão por intermédio do sacerdote aos pés de Santo Altar. A Capela toda enfeitada com flores e as imagens alegremente rodeadas de inscrições com dizeres cristãos davam a tonalidade fiel das comemorações. Era uma atração à parte. Lá  fora  a alegria contagiante  com o pipocar dos fogos de artifícios, bombas, traques  e  gritos    estridentes das crianças geravem um majestoso  espetáculo;

                                    Até de localidades mais distantes as pessoas de todas as idades vinham  aos festejos  para assistir as missas, rezar, confessar seus delitos,comungar diante do seu sacerdote. Eis que em certa ocasião, como nos foi relatado pelo próprio sacristão, duas senhoras já de idades bastante avançadas, chegaram para receber aqueles sacramentos da Igreja, contudo a cerimônia havia terminado há algum tempo, o que as levou a lamentar e chorar copiosamente pelo tempo perdido e pela caminhada empreendida inutilmente. Compadecido diante daquele malogro João Batista, homem solícito e caridoso e não muito comprometido com os rígidos critérios da Santa Igreja, achou por bem contemplar as duas velhinhas sofridas com a realização da santa comunhão e o fez pessoalmente, deixando-as felicíssimas conscientes de haverem alcançado  as suas aspirações.
Receberam das mãos de João Batista a hóstia sagrada que, na época, só era ofertada em comunhão pelo sacerdote.
ta a hóstia Sagrada o que, na época,  só era permitido ao sacerdote
                                          O que não se sabe, entretanto, é qual teria sido a reação de Padre Otávio, ao tomar conhecimento daquele procedimento fortuito de nosso bem estimado e  prestimoso Sacristão.

João Bitu


quinta-feira, 17 de julho de 2014

MADALENA DE PININO



MADALENA DE PININO



“Cleidnha o seu irmão e Padrinho Joãozinho ama muito você, ame-o TAMBÉM e lhe  fará um enorme bem: Asseverou nossa amável MADALENA! 

Desde o venturoso dia 24 de junho, quando chegou àquele belo casarão no sítio Carnaúbas,bonito e saudável como ele só,  situado à beira do Riacho do Machado uma visita que era ansiosamente esperada  pelo casal proprietário e residente naquela   mansão maravilhosa. Existia bem em frente dela para sombra e deleite dos habitantes da localidade, uma árvore antiga denominada Pau Mocó que os tempos desfolharam e por fim a extinguiram indiferentes a sua beleza e utilidade, conquanto, os trabalhadores da vizinhança faziam uso da sombra para  a sua  sesta reparadora ao meio dia,  isto quando não usavam-na  para outras várias utilidades como por exemplo, afiar seus instrumentos de luta na roça a saber, enxada, foice, roçadeira e outros tantos objetos do gênero. Através de um pedaço de ferro do tamanho adequado, adquirido dos restos de uma qualquer ferrovia construída ao longo da região e um martelo de porte médio, era feita a amolação dos eficazes instrumentos de serviço. Infelizmente esta prática de certo modo trazia sérios incômodos em razão do barulho estridente que ocasionava, principalmente,  por ser executado no horário de repouso daquela gente.
Naquela data, entretando,  houve silencio. Um silêncio programado por motivo da chegada tão ansiosamente aguardada da visita ao lar dos BITUs. Houve barulho sim, mas um barulho festivo, comemorativo, lindo e maravilhoso que saltitou e transbordou nos corações daqueles felizardos”papais”, compadre Zé Bitu e Comadre Vicentina, bem como dos demais irmãozinhos  que da mesma forma vibravam e pulavam de total felicidade. Como havia contentamento naquele bendito lar!  Era a vinda de mais um bem precioso que vinha aumentar a alegria de uma gente graciosa e dedicada por extremo à prole já existente. Logo a notícia se espalhou na vizinhança e os festejos se intensificaram  em alto estilo. A sombra do frondoso Pau Mocó que por força da eventualidade teve ligeiro recesso, teria o reinicio de suas barulhentas atividades funcionais e as ferramentas voltariam a ser amoladas.
Aí então coube a Joãozinho a doce incumbência de nos levar a tão grata notícia que em verdade merecíamos receber, desde que muito amigos e ligados à família desde anos e mais anos de convívio e atividades mútuas. Lembro=me com alegria quando ele surgiu ao topo da ladeira que se aproximava de nossa casinha na Lagoa de Dentro e gritou freneticamente: “MADALENA nasceu uma menina muito bonita mas pretinha que só o fundo de uma  panela de barro”. Esta comparação, por demais exagerada, era por conta de sua grande alegria quase incontida, pode-se deduzir é claro e mais que evidente.
 
Em verdade, nossa MADALENA DE PIININO, era uma pessoa de enorme importância para nossa família, tanto como pessoa humana como na qualidade de serviçal, porquanto, foi nossa lavadeira por muito tempo, cobrando a irrisória quantia de “um tostão”  por peça.   DONA VICENTINA fornecia o “SABÃO DA TERRA” magistralmente fabricado por ela mesma.
A respeitável  lavadeira  concluia  a operação com sua mão de obra  e a água  branco-azulada da Lagoa de Dentro, local onde tinha sua residência.   
Resta ainda citar com muita  justiça o seu alto senso de responsabilidade, carinho e afeto para conosco. DEUS a tenha minha cara MADALENA DE PININO!
 - Cleidinha, assim tudo aconteceu, lembro-me com a mais absoluta clareza, que DEUS lhe abençoe!
j´´


João Bitu

DOCES LEMBRANÇAS DA ADOLESCÊNCIA




DOCES LEMBRANÇAS DA ADOLESCÊNCIA


A família me mandara para a cidade, Várzea-Alegre é claro, a terra que amamos de todo coração e donde temos as melhores recordações, visto que hoje habitamos noutro lugar, embora apenas físicamente, porquanto, em nossos pensamentos continuamos  residindo lá   o tempo todo. Os meus pais tinham o propósito de me oferecer boas escolas e esta era  a única forma de iniciar sem maiores dispêndios financeiros,  ao alcance de suas disponibilidades econômicas.

O passo inicial foi dado na escolinha de Dona Francisca de Romão, “Dona Caixinha”. que se casou com Antonio Alves Costa “Antonio Diô”,  A escolinha funcionava  em sua residência no turno da tarde.  No ano seguinte fui para a escola de Walquírio Correia, muito em evidência naquela época, cursando o terceiro ano primário. Ótima escola, o professor bastante eficiente e altamente brincalhão, sem  perder a autoridade  necessária à função. Tive ainda uma ligeira passagem pelo Grupo Escolar, hoje o Colégio Estadual José Correia, na antiga Rua Getúlio Vargas.
Walquírio Correia foi quem nos levou e matriculou para prestar exames de Admissão ao Ginásio no Co-
Légio Diocesano de Crato em fins de 1951. Obtive aprovação e no ano seguinte iniciava o Curso Ginasial.
Várzea Alegre, todavia, foi e será o meu berço amado, nada me fará esquecer toda sua beleza natural e esplendorosa vivência em torno do que se criou com o dia a dia.
A ‘AMPLIFICADORA A VOZ DE VÁRZEA ALEGRE” era o que havia de mais bonito, útil e saudável na cidade
em termos de entretenimento  e alegria.  A juventude ansiava pela hora em que se iniciavam os seus trabalhos noturnos com a inesquecível  valsa “BRANCA’,  que indicava a abertura de sua programação musical, anúncios de ocorrências natalícias e outros tantos acontecimentos sociais. As duas pracinhas existentes, a saber  - praça velha e  praça nova -recebiam em massa a mocidade  que  rodeava e passeava   em doce desfile  de beleza e  ansiedade em seus corações, ao ouvir as músicas tocadas na amplificadora sob  a direção  eficiente e alegre de Walquírio, sempre alegre e criador como costumava ser.
Eram músicas de alto gabarito e bom gosto, adquiridas a dedo por HAMILTON CORREIA em Fortaleza,
aquelas  que se sobressaiam nas paradas de sucesso, obras de compositores de valor e interpretadas igualmente por cantores em destaque.
Entre  tantas melodias inesquecíveis lembremos de “TARDE FRIA’ que ainda me dá um frio no coração, só em pensar, “A PÉROLA E O RUBI” que de fato era uma pérola, “MARIA BETHÂNIA”,  “PECADO  ORIGINAL, ”ROSA”, “SONHEI QUE TU ESTAVAS TÃO LINDA”.  Bom, é Impossível Esquecer.
Vamos ficar por aqui para não dar vez às lágrimas que já me tocam o coração velho sofrido de tantas recordações.
A melodia MARIA BETHÂNIA me levou a caminhar aproximadamente 18 quilômetros de Várzea Alegre até as Carnaúbas para abraçar meus queridos velhos e amenizar um pouco as saudades.    
Eram saudades que me dilaceravam o coração despertadas na voz de NELSON GONÇALVES. É  difícil lembrar  sem que os olhos fiquem molhados  de lágrimas  e o coração  abalado pelas lembranças.
João Bitu





quarta-feira, 16 de julho de 2014

FURTIVAS SERENATAS

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   FURTIVAS SERENATAS - por João Bitu

                                       

Em minha mocidade arrisquei bastante a vida. Em Várzea Alegre por considerar tudo muito tranqüilo, sem maiores riscos de imprevistos como assaltos, armadilhas  e    fatalidades outras como ocorre atualmente em todas as partes em que habitamos e ainda, impulsionado pela fragilidade evidente na cabeça em se tratando de  juízo,  costumava eu fazer noitadas as mais  loucas ao lado de companheiros igualmente pouco receosos.

Com o passar dos tempos fui amadurecendo, utilizando melhor a cabeça em seu devido lugar e adotando procedimentos mais propícios à vida numa cidade tão maravilhosa como Várzea Alegre, berço de gente bem, homens de valor e de alta expressão social, política e empresarial.

Busquei atentar mais para os estudos. Em 1951 fiz o curso de admissão ao Ginásio no Colégio Diocesano de Crato, uma prova relativamente difícil levando em conta o fato de haver estudado em mais de uma escola onde a maneira de aprender a ler e escrever as lições, diferia uma da outra,  na  medida em que mudavam os professores e de certo modo a forma  de ensinar, contudo, logrei pleno êxito e no ano seguinte iniciei o ciclo ginasial, confesso que até aí correu tudo bem, sempre obtive notas muito boas e não sofri quaisquer dificuldades de assimilação. O aproveitamento foi louvável a exemplo do curso primário nas escolas de menor porte, em Várzea Alegre e no Município.

Naquela época, entretanto, despertou em mim um ardente desejo de repassar aquelas músicas românticas que eram tocadas na Amplificadora “A VOZ DE VÃRZEA ALEGRE” sob a apresentação de Walquirio Correia,  aos corações apaixonados, em forma de serestas a cargo de uma equipe de seresteiros por mim formada. Tínhamos clarinete, violão, pandeiro e um cantor boêmio escolhido na cidade. Contando com a conivência de um de meus irmãos, fugia do casarão quando todos já dormiam e realizávamos a serenata obedecendo um itinerário previamente estabelecido. Iniciávamos na Pracinha Nova (hoje Praça dos Motoristas), em seguida parte da Getúlio  Vargas, tomávamos de volta a Rua Major Joaquim Alves, Praça Santo Antonio, em fim para concluir,  ficávamos em frente à Igreja de São Raimundo, exatamente no Cruzeiro onde fazíamos uma pausa para que eu me recolhesse ao leito com o espaço de tempo necessário a que  me acomodasse seguramente, sempre com a ajuda do citado irmão que me aguardava de olhos bem abertos e atento a qualquer imprevisto. Só então tudo recomeçava tranquilamente com os demais participantes da aventura. A estas alturas, vez outra, uma terceira pessoa de casa ao despertar com os lindos sons, indagava inocentemente ao meu ouvido: “João está ouvindo a Serenata?”
Assim era, tudo aconteceu sempre na mais perfeita harmonia, até hoje não entendo  como tudo sucedeu sem o menor incidente. O segredo das arriscadas aventuras foi sempre mantido e guardado convenientemente.

Agradeço a DEUS e peço perdão por tais aventuras que hoje as tenho por  loucuras,   cometidas impensadamente.

Aqueles companheiros de noitadas hoje estão em outro plano de vida, via de regra, também eles foram contemplados com a sorte de não terem sido desmascarados.

Tudo passa!

João Bitu



segunda-feira, 14 de julho de 2014

PAUSA PARA MEDITAÇÃO


PAUSA PARA MEDITAÇÃO


É deveras impressionante como a ação dos tempos impõe modificações nos hábitos e costumes das pessoas, contribuindo para transformar e, por  vezes, aprimorar o relacionamento entre jovens e adultos, notadamente, à proporção em que no dia a dia os fatos vão ocorrendo alheios às nossas pretensões. Tudo se modifica ao mesmo tempo em que nos transformamos também, à mercê de comportamentos indiferentes aos princípios de nossa origem de vida, tais como nos foram legados por nossos ancestrais. É como se tudo precisasse ser mudado e uma atualização se fizesse necessária em nossa existência. Só que, entendo serem estas atualizações procedidas de maneira um tanto precipitada.

Não atentamos para determinadas atitudes ousadas no tratamento que dispensamos aos nossos semelhantes de idades mais avançadas. As pessoas mais idosas perdem gradativamente o direito de serem respeitadas como tais. A juventude não tem sido preparada por seus superiores para conservar o respeito e a obediência a quem de direito. As coisas, em geral, não são mais como antigamente.

Será que tudo o que acontece é para melhorar a vida gente? A modernização que se opera em nosso cotidiano será mesmo um corretivo ou estímulo para aperfeiçoar os atuais usos e costumes?  Tudo mesmo?

Certo é que há uma enorme diferença entre a atualidade e o passado.  Estamos completamente diferentes de outrora, na maneira de vestir, na forma de como nos comunicar com o próximo, em como conquistar amizades e saber conservá-las e, como já fiz referência acima, dispensar o respeito e admiração aos nossos concidadãos que alcançaram a honrosa terceira idade com sacrifício, com luta e com amor.  Alias, dizia-me um amigo, “ficar velho até que é muito bom, difícil mesmo é ser velho”. Todos nós sonhamos e almejamos viver bastante, assistir o nascimento e crescimento de filhos, netos, bisnetos e mais aderentes na plenitude de nossa saúde e bem estar. Mas “caducar” não... só  se for no sentido de brincar, acariciar e bajular os descendentes.

Entre os doze e vinte anos de idade, no ápice da adolescência, experimentei uma fase de acentuada timidez, ao ponto de me tornar portador de enorme complexo de inferioridade. Tudo era belo ao meu redor, menos eu. Todos mereciam afeição, admiração, cobiça pessoal, menos eu. Custei a superar certos preconceitos, enfim consegui quase totalmente, graças a repetidos acontecimentos merecedores de uma melhor análise e reflexão. Os tempos se encarregaram, realmente, de nos transformar a qualquer custo.

Lentamente fui amadurecendo e enriquecendo meus propósitos de vida, alterando idéias e pretensões pessoais. Começava a surgir uma nova perspectiva e razão de ser. Comecei a aprender com os próprios erros cometidos ao longo da existência. E como aprendi?

Recentemente, por telefone, conversava com uma de minhas melhores amigas, daquele saudoso e longínquo passado e lembrava que a nossa amizade fora imensa, altamente saudável e duradoura” e acrescentava: Só não fomos namorados  porque eu achava que  você não me queria, ao que ela respondeu:  Porque é que você pensava assim?.

Ora, diante de minha timidez e como nos comportávamos na ocasião, era assim que as coisas aconteciam. Faltava iniciativa entre os dois e mais que isto, receio, medo de levar uma mala.

Quem sabe se um grande amor não existia e o temor e falta de coragem não o deixaram vingar? Tudo é possível,

Não teria sido melhor se tivesse havido ousadia e não timidez entre ambos?

DEUS o sabe e é por sua vontade permissiva que o tempo se encarrega de tudo, convenhamos. Deixemos as coisas acontecerem como ELE o desejar.

Tudo passa sobre a Terra – disse José de Alencar,



João Bitu