187 PERSONAS GRATAS!
Vários meses de Janeiro já se
passaram desde que aqueles heróis do volante, procedentes, via de regra, da
longínqua cidade de Campína Grande na Paraiba, alguns dos quais com o aval e a valiosa
recomendação do Senhor Auto Pimentel, genro do honroso comerciante português
Antônio Ferreira (Seu Ferreira), chegaram em Várzea-Alegre com a missão de
assumir cargos da mais rara e alta responsabilidade de motorista de caminhão.
Ora, na década de quarenta não havia quase caminhões na cidade, cujos
proprietários fossem dali e muito menos ou nenhum motorista habilitado e já o
transporte de lã de algodão exigia com urgência os tais veículos, proprietários
e profissionais.
Neste tempo, carece enaltecer a
existência de um caminhão da marca “INTERNACIONAL”, cor vermelha de propriedade
de ZÉ Felipe, homem nacionalmente conhecido pelas sus piadas famosas. Seu
motorista era João Pereira, famoso precursor dessa casta famosa. Zé Felipe
colocou uma buzina no caminhão que era de chamar a atenção por onde passava.
Certa ocasião foi ele multado
em Cajazeiras PB, por ter feito uso da referida buzina nas proximidades de um Hospital,
ao pagar a infração disse ao cidadão, pode ficar com o troco, porquanto, na
volta vou proceder da mesma forma, tenho certeza.
Havia quatro usinas de
beneficiamento de algodão em pleno funcionamento a saber: USINA SANTO ANTONIO de Antonio Correia na Praça Santo Antonio;
USINA PRIMO de Vicente Primo de Morais
junto à Betânia na entrada da
cidade; USINA DINIZ de Josué Alves Diniz, que ao lado da bodega de ZEBITU
marcava o início da Rua Major Joaquim Alves e por fim a USINA PIMPIM de propriedade de Dirceu de Carvalho Pimpim
situada à Rua dos Perus.
Nosso propósito, neste ensejo, é
lembrar alguns nomes famosos de motoristas profissionais renomadas, sem outro
objetivo que mais se firmaram em Várzea-Alegre na prestação de serviços de transportes a exemplo de ZÉ ANTONIO na Usina Primo por
longo tempo e que terminou se casando com uma jovem da família de Zezinho de
Matias da Vazante. Era um cidadão de bem, muito conceituado e respeitado por
todos. Todavia, trouxe lá de sua terra um irmão que não se deu muito bem,
chamava-se Cícero Antonio e dirigia o caminhão que virou nas proximidades da cidade
de Russas causando a morte de seus dois proprietários Antonio Bezerra e Manoel
Morais.
Joaquim Ferreira trabalhou na Usina
Diniz, também por vários anos no transporte de algodão para Campina Grande, ao
lado de outros profissionais. Casou-se com Terezinha Cassundé com quem teve
três filhos homens e um mulher
Severino Dedão, chamava a
atenção pelo seu vozeirão forte, com sotaque acentuadamente paraibano e por não
limitar qualquer conveniência naquilo que dizia. O seu carro era um GMC que
comia fogo em suas mãos, porquanto, apesar das estradas ruins corria como
louco. Complementava os serviços dos já
citados companheiros e não tinha hora marcada para sair e nem para chegar.
Chico de Seu Auto ou Chico de
Seu Chagas Bezerra, também oriundo daquelas plagas paraibanas, um homem sério e
sisudo quase não dizia uma só palavra no percurso Várzea- Alegre X Campina
Grande, ao lado de Seu Chagas quando no transporte de algodão o “ouro branco”
como era conhecido antes da lamentável fase do
bicudo, praga arrasadora que veio
destruir aquela fonte de riqueza
agrícola em nossa região.
Seu Pedro foi um dos últimos provenientes
da mesma região, serviu também na Usina Primo, adquirida que foi pelo Senhor
Edson Castro e repassada para uma organização industrial pertencente ao Grupo
Roldão Mangueira, representado pelo Senhor Abel que teve morte lamentável,
vítima de pistoleiros ali mesmo contratados, por questões desconhecidas.
Um outro profissional do volante,
igualmente estimado que conquistou popularidade na cidade, foi o não menos
paraibano Zé Avelino que esposou a conterrânea ilustre e muito querida
Domicília.
Como disse no início deste
escrito, meu propósito foi lembrar aqueles simpáticos profissionais do volante,
que prestaram a nossa querida cidade relevantes serviços naquela época
distante. Alguns deles deixaram família
constituída e bem relacionada para nosso orgulho posso assegurar.
Historietas como estas
me deixam feliz e bem que arrancam do fundo do coração enormes saudades que
pretendo dividi-las com meus contemporâneos. Se algum erro cometi peço
desculpas, o tempo transcorrido nos deixa por vezes em dúvida. Um abraço aos
meus amigos e a certeza de que muitos ainda estão lembrados e sentem comigo as
mesmas saudades. O passado ficou, mas a vida continua!
Um honroso até breve, se DEUS quiser!
João Bitu