193 MADALENA DE PININO
“Cleidinha, o seu Padrinho e Irmão
Joãozinho ama muito você”. Desde o
venturoso vinte e quatro de junho, quando chegou àquele casarão nas Carnaúbas, bonito que só ele, e situado bem ao
lado do Riacho do Machado, uma visita ansiosamente esperada pelo casal que ali
habitava. Existia bem em frente a ele uma linda árvore chamada Pau Mocó que o
tempo desfolhou e anos depois destruiu.
Os trabalhadores daquela vizinhança usavam a maravilhosa e convidativa sombra para afiar e amolar
as ferramentas de trabalho tais como: enxada, foice, e outras tantas, prática
muito comum, embora causasse enorme barulho.
Mas naquele dia houve silêncio
em respeito ao surgimento da linda menininha que acabava de chegar ao lar dos
BITU's . Houve barulho sim, mas festivo. Um festejo lindo e maravilhoso que saltitou bem dentro dos corações de
Compadre Zé Bitu e de Comadre Vicentina e assim também de seus outros irmãozinhos
mais velhos. Como havia alegria
naquele bendito lar!
Foi então que Joãozinho teve a
incumbência de nos levar a tão grata
notícia que em verdade merecíamos desde que muito ligados à família desde anos
e mais anos.
Lembro-me que, montado em um
animal de sela, bem no topo da ladeira que se aproximava
de nossa casinha, gritou freneticamente; “ Madalena nasceu uma menina muito bonita, mas
pretinha como o fundo de uma panela de barro”.
Esta comparação, por demais
exagerada, era por conta de seu grande contenta-
mento, pode-se concluir.
Em verdade, Madalena de Pinino
foi de enorme importância em meio a nossa
familia, tanto como pessoa quanto como serviçal, porquanto
foi nossa lavandeira ao
longo de muitos e muitos anos
afinco, cobrando naquela época a irrisória quantia de “um tos-
tão” por peça que lavava. Dona Vicentina fornecia o “SABÃO DA TERRA”
magistralmente fa-
bricado por ela mesma e a
respeitável Senhora concluia a operação com sua mão de obra e
a água branco-azulada da Lagoa
de Dentro, local onde tinha sua residência. Tinha também
aos nossos serviços as filhas
Antônia, Nazareth e Mundinha como
pisadeiras de arroz. Resta
ainda reconhecer com justiça o seu alto senso de responsabilidade,
carinho e afeto para conosco.
Cleidinha, assim tudo
aconteceu, lembro com a mais absoluta clareza, que DEUS lhe abençoe!
João Bitu
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