segunda-feira, 4 de abril de 2016

193 MADALENA DE PININO




193                   MADALENA DE PININO



“Cleidinha, o seu Padrinho e Irmão Joãozinho ama muito você”.  Desde o venturoso vinte e quatro de junho, quando chegou àquele casarão nas Carnaúbas, bonito que só ele, e situado bem ao lado do Riacho do Machado, uma visita ansiosamente esperada pelo casal que ali habitava. Existia bem em frente a ele uma linda árvore chamada Pau Mocó que o tempo desfolhou e anos depois destruiu.
Os trabalhadores daquela vizinhança usavam a maravilhosa e convidativa sombra para afiar e amolar as ferramentas de trabalho tais como: enxada, foice, e outras tantas, prática muito comum, embora causasse enorme barulho.
Mas naquele dia houve silêncio em respeito ao surgimento da linda menininha que acabava de chegar ao lar dos BITU's . Houve barulho sim, mas festivo. Um festejo lindo e maravilhoso que saltitou bem dentro dos corações de Compadre Zé Bitu e de Comadre Vicentina e assim também  de seus outros  irmãozinhos  mais velhos. Como havia alegria naquele bendito lar!
Foi então que Joãozinho teve a incumbência de nos levar a tão grata notícia que em verdade merecíamos desde que muito ligados à família desde anos e mais anos.
Lembro-me que, montado em um animal de sela, bem no topo da ladeira que se aproximava
de nossa casinha,  gritou freneticamente;  “ Madalena nasceu uma menina  muito bonita, mas
pretinha como o fundo de uma panela de barro”.
Esta comparação, por demais exagerada, era por conta de seu grande contenta-
mento, pode-se concluir.
Em verdade, Madalena de Pinino foi de enorme importância em meio a nossa
familia, tanto como pessoa quanto como serviçal, porquanto foi nossa lavandeira ao
longo de muitos e muitos anos afinco, cobrando naquela época a irrisória quantia de “um tos-
tão” por peça que lavava.  Dona Vicentina fornecia o “SABÃO DA TERRA” magistralmente  fa-
bricado por ela mesma e a respeitável  Senhora concluia  a operação com sua mão de obra e
a água branco-azulada da Lagoa de Dentro, local onde tinha sua residência. Tinha também
aos nossos serviços as filhas Antônia, Nazareth  e Mundinha como pisadeiras  de arroz.  Resta
ainda reconhecer com  justiça o seu alto senso de responsabilidade, carinho e afeto para conosco.
Cleidinha, assim tudo aconteceu, lembro com a mais absoluta clareza, que DEUS lhe abençoe!

João Bitu

















                             


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