domingo, 9 de março de 2014

199 UM HOMEM SEM EDUCAÇÃO



UM HOMEM SEM EDUCAÇÃO


Um sertanejo rude e ignorante                                              

Nascido na roça, sem nenhum estudo

Pele queimada sob sol causticante

Privado de alegria e de quase tudo

Levava vida sofrida e humilhante...

Sua família era seu único patrimônio.

A filha primeira de seu matrimônio

Era toda a esperança de ajuda

Com a enorme prole triste e desnuda

Pesando aos ombros de Seu Petrônio

                                                                                                      

Logo que a jovem alcançou maioridade

Foi instada a buscar trabalho noutra parte

Mesmo não tendo nenhuma arte

Partiu do amado sertão rumo à cidade

À caça de emprego  que por  vontade

Do velho Petrônio malvado e duro

Desse-lhes garantia e Porto Seguro.

Triste sina de púbere indefesa

Cai nas malhas insanas da vileza

Praticando sexo de modo impuro

 

Apesar de tudo ajunta algum dinheiro

Com o firme objetivo de ajudar o pai

Volta ao sertão e para o roçado vai

Com os parcos bens que ajuntou primeiro

Para entregar ao pai que mais que ligeiro

Convida seus parentes bem contente

E lhe indaga diante de toda gente

-O que fazias lá, qual tua profissão?

-Era “prostituta” Pai, não tive outra opção

O velho aí se irrita cruelmente!!!

 

 

Que vergonha tu me faz mulher ingrata

Então eu reúno toda a famia

Pra festejar a volta da minha fia             

Que me faz coisa tão insensata?

-Pai sofri  até juntar esta soma exata

De dez mil reais em procedimento escuso

Fui “prostituta”, mas a grana é para teu uso!

-Tu falaste “postrituta”?  Espera ai um instante!...

Escutei primeiro foi “potrestante”!

Pois ou raça nojenta e de meu abuso!...

 

João Bitu

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