sábado, 8 de março de 2014

166 EU E AS MINHAS SAUDADES



EU  E MINHAS SAUDADES


Eu nasci lá nas Lagoas

Do Coronel Zé Vitorino

No sítio Carnaúbas

Meu paraíso Divino

Nossa casa era ao lado

Do Riacho do Machado

Em clima ameno e junino!

 

Na frente do casarão

Tinha uma árvore que só

De lembrá-la a emoção

Na garganta dá-me um nó

Meu peito ainda se agita

Com aquela coisa bonita

O frondoso “Pau Mocó”

 

Bem próximo do quintal

Tinha um pé de sabonete

Que sombreava o curral.

Para o gado em deleite

Onde se via cabisbaixa

Nossa vaca “Ponta Baixa”

Da família – A Mãe de Leite

 

O Luar das Carnaúbas

É mais belo que o da cidade

Nenhum prédio lhe ofusca

A saudável claridade.

O luar do meu Sertão

Enobrece  o coração

E o acalenta de verdade!

 

Quando chegava o verão

A cultura das sementes

E o transporte do algodão,

Bem no terreiro da frente

Os burros comiam feno:

Veneza, Mimoso e Moreno,

Melão, Dourada e Corrente!

 

Dessa tropa de animais

Posso esquecer, mas, não quero

De vê-la posta em currais

Sob os cuidados austeros

Porém corretos e ordeiros

Daqueles bravos tropeiros

JOSIAS E ZÉ SEVERO.

 

A minha humilde infância

Modesta sim, mas querida,

Num clima de tolerância

Sem luxúria foi vivida.

O sertão foi meu berçário

Onde cursei o primário

Com Zely e Margarida!

 

Não posso esquecer o Lopes

E da manga do Jaburú

Quando tirava a galope

Da cacimba ao Coaçu

E da escola –  meu grupinho

Carlos, Lauro de Agostinho,

E Francisca de Pupu!

 

As quermesses do Juazeirinho

Tradição muito rica

Tinha milho bem verdinho

Muita pamonha e canjica

Na minha infância modesta

Nunca perdi uma festa

Do Velho Miguel Marica

 

Saudades bem verdadeiras

Daqueles pés de Juá

Que ficavam na ribeira

Nas terras do Jatobá.

Sinto um desejo medonho

De rever IRENE E ANTONIO

SEU MOISÉS, ROSA e o Tiá!                                      

 

NENEM DE ZÉ DE ISMAEL

Minha estimada comadre

BAÍA, CHICO E JOEL,

Muito mais do que compadres

Amigos até a morte.

E lá no sítio BOA SORTE

Dona Maria e Zé do Padre!

 

POMPÍLIO JOSÉ DUÓ

Criado com Zé Vitorino

Era pobre que nem Jó,

Mas decente e muito fino

UM AMIGO DE PRIMEIRA.

E a velha lavadeira

Madalena de Pinino!

 

Oh que saudades que eu tenho

Da gente lá do meu Centro

Das minhas idas ao engenho

Lá da Lagoa de Dentro

Dos jiraus que se montava

E que Mamãe aguava

“De cebolinha e coentro”!

 

Lembro a moita das galinhas

As touceiras de gitirana

As grandes safras de pinha

E dos pés de cajarana.

Lembro também no terreiro

De um enorme mamoeiro

De frutos tais mel de cana!

 

Das matas de marmeleiro

Jurema, sarça e Oití,

Mufumbo branco e pereiro

Mandacaru e Tingui

Malícia e Arapiraca,

Juazeiro e alfavaca

Nada disto há por aqui!

 

Hoje moro na cidade

Com minha alma dividida

Preso á doce mocidade

Sem poder mudar de vida

Por mais que ame o Sertão

É aqui que ganho o pão

-Apesar da vida sofrida!...

 

João Bitu

...tem tudo a ver!
O CHÃO QUE DEUS ME DEU
Quarteto  Adoração



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.