sábado, 8 de março de 2014

168 PERCALÇOS



) PERCALÇOS


 

Digo adeus à mocidade

A velhice vem chegando

Aos poucos vou me afastando

De minha mais tenra idade!...

Embora sinta saudade

Vivo feliz e contente

Grato ao Pai eternamente!

Quando chegar minha hora

Pronto estou pra ir embora

Pois não nasci para semente.

 

A vida é boa de verdade

Vivida com paz e saúde.

Usufruí enquanto pude

Com ardor e intensidade!...

Apesar de minha idade

Sinto-me longe do fim.

O Pai dá forças pra mim

Assim falo em alto e bom som

Ficar velho é muito bom

Ser velho aí sim, é que é ruim!...

 

Às vezes sinto-me instado

A tomar uma decisão

Mas como sou um ancião

Tenho alguém sempre ao  meu lado

Dizendo pra ter cuidado!

Recebo sempre um tranca,

Como não vou botar banca

Termino ouvindo os conselhos

Pois que como meus cabelos

 A barriga também é branca!

                             

Quando recebo o salário

Entrego todo à  patroa

Que apesar de ser  boa

Não me ver o proprietário

Esconde todo num armário

Onde eu não posso alcançar

Todo dia vai contar

Ver se não mexi nalgum.

E quando eu lhe peço algum      

Quer ver  com que vou gastar!     

 

Mas minha longevidade

Com certeza  justifica

Uma vida  nobre e rica

De honra e seriedade.

Hoje rumo à eternidade

Louvo a santa  providência

Que com tanta benevolência

Andou sempre em meu encalço

Não obstante os percalços

Primei sempre pela decência!

              

Enquanto a razão eu tiver

Não der vez à caduquice

Vou curtir minha velhice

Com meus filhos e a mulher...

Seja tudo o que  Deus quiser.

Não se julgue por aparências

Qualquer fato ou evidências

Com pessoa adulta ou criança

Toda e qualquer semelhança

Será mera coincidência!

 

João Bitu

 

 

 

 

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