sábado, 8 de março de 2014

180 AS CARNAUBAS



AS CARNAÚBAS


 

Bem ao lado do Riacho Machado

Que molha com suas águas correntes

As margens férteis desde sua nascente

Que se alongam até um final distanciado

Lá estão as Carnaúbas, berço amado

Onde Pompílio viu meu nascimento

Começando o feliz surgimento

De uma prole bem sucedida e amada

Que “a bituzada” veio a ser chamada

Por um poeta em inspirado momento.

 

Zé Bitu seu líder bem sucedido

Um cidadão de prudência e saber

Através de quem tudo havia de ser

Ministrado e com dispor exercido...

Ele era um homem introvertido

Não se prestando ao “disse me disse”

Que de qualquer uma esquina partisse

Limitando-se ao repente habitual

Que lhe era por instinto natural

Como na oportunidade surgisse.

 

De seu lado sempre com mui dispor

Senhora de um lar de paz raríssima

Dona Vicentina Esposa/ Mãe castíssima

Tudo assistia e comandava com amor...

Sua afeição e zelo eram um primor

Consistiam em dar educação

Aos diversos filhos em formação

Oferecendo um futuro de grandeza

Destinando-lhes o bem com firmeza

Ao doar frutos de seu coração

 

Com quantas saudades lembro Tia Isa!

E Chiquinho, - ela cheia de amor e de fé 

Os dois ocupavam aconchegante chalé

Que recebia uma suave brisa

Cujo aroma ainda me sensibiliza.                                                                                                

Pequenos detalhes são aos quais me agarro

Por mais que sejam alguns até bizarros.

Todo dia, mesmo tendo eu já jantado                                                                                       

Lá ia degustar gostoso pegado            

Ao fundo duma panela de barro

 

Antonio Alves Bitu tio e padrinho

Por muitos conhecido como Seu Antõe

Ficou mesmo com o cognome “Nonõe”

A cuja alcunha atendia  carinho

Jamais fugia de seu cigarrinho                                                                                      

Posto na boca ou atrás de sua orelha     

Formando uma constante  parelha.                                                                                            

De tanto fumar triste e penosa sina

Veio contrair enfermidade maligna

Que ao tédio e ao raquitismo se assemelha.

 

Afonso era agricultor e barbeiro

Tinha uma vida sacrificada

Herdou uma propriedade isolada

Num local conhecido por Romeiro

Ficava  trabalhando o dia inteiro

Sem fazer em casa  sequer  desjejum

Dava duro sem alimento algum.

Somente de tarde quando voltava

Era então que  para si  preparava

Uma alimentação por demais comum.

 

Num casebre em penúria absoluta

Morava Pompílio José Duó

Cidadão muito humilde e pobre como Jó

Que criava família em árdua luta

Mesmo assim, de ilibada conduta,

Em decência e bondade submerso

Subsistia a tudo num viver adverso.

Jamais deixou transparecer a dor.

Com coragem, firmeza e  penhor.

Foi ele quem me ensinou a fazer versos

 

As Carnaúbas foram na minha vida

Berço duma alegre  e feliz existência

Cenário da mais doce convivência

Fase que em tempo algum será esquecida...

Oh que saudade dessa infância querida

Onde tantas coisas belas se passaram

E que em meu ser se perpetuaram

Suscitando hoje esta singela história

Do sítio de saudosa memória

Onde esses tais fatos se registraram

 

João Bitu

... tem tudo a ver!

LUIZ GONZAGA
Catullo da  Paixão Cearense

 

 


 

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