terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

054 RABISCOS DE SAUDADES



RABISCOS DE SAUDADES


 


 Ao fim dos meses de junho e dezembro

Quando se me abriam as portas das férias

Era como se todas as coisas sérias

Como de fevereiro a maio, lembro,

Igualmente de agosto a novembro

Todo e qualquer ônus se acabasse

A canseira Colegial me atirasse

Aos braços agradáveis do repouso

Dum ano letivo árduo e custoso

E que nada mais enfim importasse

 

Deslumbrante alegria me assiste

Antes mesmo que a paz me integre

Com esmero às delícias de Várzea Alegre

Quando tão só alegria ali existe

E por todas as férias subsiste.

Parecia  um paraíso de fato

Paz, sossego e muito aparato

No meio de meus prezados amigos.

Uma só coisinha mexia  comigo

A indisfarçável lembrança de Crato!

 

Como era bom estar em nossa terra

E sentir o seu natural perfume

Reassumir com afeto os seus costumes

Rever suas árvores por entre as serras

Até onde minha vista encerra.

Assim foi em minha adolescência

De que guardo até hoje sua essência

Com ternura, amor e muita emoção

Bem no íntimo de meu coração

Como o ápice de minha existência

 

Furtivas serestas feitas com amor

 Sem o conhecimento de meus velhos

Que não obstante ouvir seus conselhos

Fazia ouvido de mercador

E as realizava sem temor.

Depois dumas doses de Paraty.

Tarde Fria e a Pérola e o Ruby

Naquela época as mais solicitadas

Eram as canções então mais cantadas 

Na voz inconfundível de Cauby

 

Igualmente também encantadora

De Capiba um autor de primeira

Tocava quase a noite inteira   

Nos auto falantes da Amplificadora     

Diversão a mais comovedora.

Era duma audiência tamanha

De causar uma sensação estranha.

Enchia a todos de ansiedade

Proporcionando perplexidade

-Com a música Maria Betânia

 

Quantas saudades agora eu tenho

Daquelas impensadas aventuras

Que pra mim eram meras bravuras

 Cujas praticava sem nenhum empenho!

Que hoje, entretanto  muito desdenho,

As noitadas as mais inconseqüentes!

Afora isto, falo  francamente

Sinto agora uma saudade danada.

-Como queria em minha terra amada

Gozar boas férias novamente!

 

João Bitu

 

 

 

 

 

 

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