ÁGUA
FRESCA E UM BOM PETISCO
Às vezes
resgato em minha lembrança
Praxes antigas
e hábitos saudáveis
Tão simplórios
e tão agradáveis
Que marcaram
meus tempos de criança
Quando a
existência era só bonança!...
Recordações
que duram a vida inteira
Que trazem uma
paz alvissareira.
Como beber a
água bem friinha
Dormida dentro
de uma quartinha
Toda ela
colhida na goteira
De barro era a quartinha ou moringa.
Que mantinha o
líquido bem fresquinho
Nem gelado e
nem também morninho
Sem mau gosto
e sem qualquer catinga
Seu sabor nos
adoçava a língua...
Ingerida num
copo de alumínio
Inibia-nos o
autodomínio.
Consumindo-a
em grande exagero,
Como quem está
em ânsia e desespero
A ponto de por
a saúde em declínio
Também eram de barro as panelas
Obras de
finíssimo artesanato
Feitas com o
máximo aparato
Pelas
louçeiras, no fabrico delas...
O quitute
cozinhado nelas
Tinha um sabor
bem mais gostoso
Era
distintamente mais saboroso
Diferente do convencional
Nunca mais
comi petisco igual
Saudável e tão substancioso.
Ajunte-se a
isto um bom tempero
A gosto de
alguém que saiba fazê-lo
É até de arrepiar cabelos
Só em pensar,
sem qualquer exagero.
Um pouco só de
pimenta de cheiro
Numa sopa de
peixe acrescentado
Ou num bife de
carne acebolado
É coisa de
fazer enlouquecer
Em tempo algum
iria esquecer
Tanto que
estou já esfomeado.
Um gostoso
baião de dois, mesclado
De arroz
branco e feijão mulatinho
Lingüiça,
carne de sol e toucinho
E um pernil de
porco bem assado
Farofa, paçoca
e queijo só tostado
E um chouriço
como sobremesa
É a melhor
pedida com certeza
Que se possa
em verdade imaginar
Um banquete do
mais fino paladar
-Memórias da
mais intensa grandeza.
João Bitu
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