DOCES
LEMBRANÇAS DA ADOLESCÊNCIA
A família me mandara para a cidade, Várzea-Alegre é
claro, a terra que amamos de todo coração e donde temos as melhores
recordações, visto que hoje habitamos noutro lugar, embora apenas
físicamente, porquanto, em nossos pensamentos continuamos residindo
lá o tempo todo. Os meus pais tinham o propósito de me
oferecer boas escolas e esta era a única forma de iniciar sem
maiores dispêndios financeiros, ao alcance de suas disponibilidades
econômicas.
O passo inicial foi dado na escolinha de Dona
Francisca de Romão, “Dona Caixinha”. que se casou com Antonio Alves Costa
“Antonio Diô”, A escolinha funcionava em sua residência
no turno da tarde. No ano seguinte fui para a escola de Walquírio
Correia, muito em evidência naquela época, cursando o terceiro ano primário.
Ótima escola, o professor bastante eficiente e altamente brincalhão,
sem perder a autoridade necessária à função. Tive ainda
uma ligeira passagem pelo Grupo Escolar, hoje o Colégio Estadual José Correia,
na antiga Rua Getúlio Vargas.
Walquírio Correia foi quem nos levou e matriculou
para prestar exames de Admissão ao Ginásio no Co-
Légio Diocesano de Crato em fins de 1951. Obtive
aprovação e no ano seguinte iniciava o Curso Ginasial.
Várzea Alegre, todavia, foi e será o meu berço
amado, nada me fará esquecer toda sua beleza natural e esplendorosa vivência em
torno do que se criou com o dia a dia.
A ‘AMPLIFICADORA A VOZ DE VÁRZEA ALEGRE” era o que
havia de mais bonito, útil e saudável na cidade
em termos de entretenimento e alegria. A
juventude ansiava pela hora em que se iniciavam os seus trabalhos noturnos com
a inesquecível valsa “BRANCA’, que indicava a abertura de
sua programação musical, anúncios de ocorrências natalícias e outros tantos
acontecimentos sociais. As duas pracinhas existentes, a saber -
praça velha e praça nova -recebiam em massa a
mocidade que rodeava e passeava em doce
desfile de beleza e ansiedade em seus corações, ao ouvir
as músicas tocadas na amplificadora sob a
direção eficiente e alegre de Walquírio, sempre alegre e criador
como costumava ser.
Eram músicas de alto gabarito e bom gosto,
adquiridas a dedo por HAMILTON CORREIA em Fortaleza,
aquelas que se sobressaiam nas paradas
de sucesso, obras de compositores de valor e interpretadas igualmente por
cantores em destaque.
Entre tantas melodias inesquecíveis
lembremos de “TARDE FRIA’ que ainda me dá um frio no coração, só em pensar, “A
PÉROLA E O RUBI” que de fato era uma pérola, “MARIA
BETHÂNIA”, “PECADO ORIGINAL, ”ROSA”, “SONHEI QUE TU
ESTAVAS TÃO LINDA”. Bom, é Impossível Esquecer.
Vamos ficar por aqui para não dar vez às lágrimas
que já me tocam o coração velho sofrido de tantas recordações.
A
melodia MARIA BETHÂNIA me levou a caminhar aproximadamente 18 quilômetros de
Várzea Alegre até as Carnaúbas para abraçar meus queridos velhos e amenizar um
pouco as saudades.
Eram
saudades que me dilaceravam o coração despertadas na voz de NELSON GONÇALVES.
É difícil lembrar sem que os olhos fiquem molhados de lágrimas
e o coração abalado pelas
lembranças.
João Bitu