terça-feira, 23 de setembro de 2014

QUEM ME DERA ELE VOLTASSE


QUEM ME DERA ELE VOLTASSE!



JOSÉ ALVES BITU nasceu no sítio CARNAÚBAS em 1906, no município de Várzea-Alegre.  o  terceiro  dos  seis  filhos de JOÃO ALVES FEITOSA BITU  e  Dona EUFRÁSIA  (Frasinha) como era conhecida carinhosamente naquelas cercanias do  Riacho do Machado.

Exceto Expedito, que faleceu ainda muito jovem, conheci os demais, a saber: Nonõe, Iza, Teresinha, e Afonso.Afonso.  Ele, ZÉ BITU, logo bem cedo, fez ver sua inteligência, sabedoria, desenvoltura e aptidão em torno de assuntos concernentes aos rumos da família, mostrando um alto espírito de liderança e bom senso.

Como agricultor e pequeno criador, foi acumulando aos poucos, uma relativa estabilidade econômica, graças naturalmente ao fato de não ser portador de qualquer vício como alcoolismo, tabagismo ou outros costumes desaconselháveis e dispendiosos, alem de nocivos à saúde. Não recebeu, necessariamente, uma assistência escolar total dada a inexistência de meios na localidade naqueles tempos, entretanto, soube aproveitar, desenvolver e até ampliar o que lhe foi ensinado nas escolinhas de base. Tudo era escasso e bem mais difícil ou quase impossível.

Por algum tempo, esteve acontecendo na cidade, oportunidade em que foi coroinha na Igreja de São Raimundo Nonato, sob os auspícios e comando de Padre Lima, vigário da comarca, com absoluto apego aos caminhos religiosos. Todavia, por vontade pessoal, optou por deixar a batina não muito tempo depois.

Conheceu para felicidade sua e de nós outros, no sítio FORQUILHA que não distava muito das Carnaúbas, senão poucos quilômetros, a linda senhorita VICENTINA de invejável beleza física e altos predicados domésticas, neta afortunada da Velha Chicô Pereira, bem muito conceituada e esperta nos negócios a que se dedicava. Foram felizes, muito felizes por 53 anos tempo que durou o seu matrimônio, gerando o nascimento de 13 filhos. Coisas de DEUS!

ZÉ BITU ao final da década de quarenta radicou-se na cidade. Comprou um pequeno estabelecimento comercial num prédio que já era de sua propriedade, situado à Rua Major Joaquim Alves, esquina com a entrada para a Praça Santo Antonio onde está o cemitério da Saudade. Sempre que por ali passava um cortejo fúnebre à porta do estabelecimento era fechado em reverência ao falecido.

Homem sábio, inteligente, honesto e desembaraçado em tudo quanto lhe dizia respeito. Foi promotor adjunto, vereador pela legenda do antigo PSD, católico praticante, apadrinhou centenas de crianças na pia batismal, merecedor do mais alto respeito e consideração em torno de si. Era ponto de referência para a correspondência entre pessoas que moravam em outros centros, como São Paulo, Rio, Mato Grosso e outras localidades para onde se deslocava aquela gente do município. As cartas e encomendas não vinham dirigidas através de “CAIXAS POSTAIS”, mas aos cuidados de ZÉ BITU, o que significava garantia. sucesso e urgência  na entrega.

Era portador de um brilhante senso de humor, todavia, não se dava ao hábito de contar anedotas corriqueiramente, limitando-se, isto sim. a  aparecer com repentes os mais  diversos e engraçados possíveis, quando menos se esperava.

“Em certa ocasião um de seus netos perguntou se era” verdade que a cobra só picava sua vítima quando estava com raiva, ao que ele respondeu: Não sei dizer. portanto, é melhor você não mexer com ela, pois nunca se sabe se está com raiva ou não!

Outra vez estava acontecendo enorme calor, semelhante ao de hoje e alguém lhe perguntou:  “Compadre isto será chuva e ele respondeu  com aquele seu leve sorriso no canto da boca. Eu acho mais parecido é com calor”.

Gostaria de ter diante de mim ainda hoje, o meu Velho Pai e o nosso Pompílio  Velho,  meus mestres de outrora de quem herdo  modestos conhecimentos gerais e a alegria de saber falar e escrever aLgumas coisas de proveito na vida.

Quem teve a felicidade de conhecer meu estimado Pai em seus tempos de existência sadia e gloriosa sabedoria, sabe muito bem reconhecer seus valores intelectuais e humorísticos que a tantos causou benefícios e muita alegria. Esposo, pai e amigo extremoso, possuidor de um coração puro que só amor tinha para dar.

Como é saudável escrever sobre ZEBITU, Senhor de tanto valor em todos os aspectos de vida. QUE DEUS o tenha em sua companhia com todos os méritos e a glória merecida.

A ele e  a Pompílio Velho dedico este escrito com  muito amor e admiração carregado de saudades,


João Bitu


( AO MEU SOBRINHO EDUARDO )





segunda-feira, 22 de setembro de 2014

155 PARAR ENQUANTO É TEMPO




 

PARAR ENQUANTO É TEMPO

Para não escrever asneiras
Sem fazer qualquer alarde
Vou pendurando as chuteiras
Bem antes que seja tarde

A idade mais que avançada
O êxtro já escasseia
Tudo esqueço volta e meia
Não crio mais quase nada

Vou deixar a poesia
Com quem rima e cria
É a mais correta atitude

Vou só ler meus companheiros
Completos e verdadeiro
E  pensar é na saúde!

 
João Bitu

domingo, 14 de setembro de 2014

terça-feira, 12 de agosto de 2014

JOÃO VIEIRA DO PSD


        JOÃO VIEIRA DO PSD
                    Por volta da década de quarenta, já ao final do decênio, quando deixava as Carnaúbas pela cidade de Várzea-Alegre, com o objetivo de sequenciar os meus estudos na Escolinha de DONA CAIXINHA, dava sequência também à minha tendência política, ligado que sempre fui ao partido dos CORREIAS,  cuja família habitava na Praça de Santo Antonio quase em sua totalidade, encabeçada pelo ilustre chefe político ANTONIO CORREIA.
                    Muito em voga na cidade, havia grande rivalidade entre os seus aliados desde os mais altos militantes aos menos atuantes que faziam frentes adversas, a saber:  simpatizantes do Partido Social Democrático (Gogós) e União Democrática Nacional ( Carrapatos ), como eram  cognominados. Havia rixas as mais contundentes entre as partes, a ponto de saírem nos tapas e até coisas piores. Na cidade mesmo, havia um número bem menor de pessoas pessedistas do que carrapatos, ao passo que no município acontecia justamente o contrário, comprovadamente, a juventude pessedista superava a dos carrapatos. Nas Carnaúbas havia João Bitu gogó (o caboclo que ora lhes escreve aqui e no Chico João Viera, filho de Zé Vieira, carrapato fanático, brigava pela UDN.
Daí saíam faíscas e muitas despeitas em se tratando de política. E estas rixas levamos para a cidade, depois para o Crato, onde fomos estudantes e acho que ainda hoje as temos em Fortaleza e Juazeiro do Norte atuais residências, ex-fazendários aposentados por tempos de serviços que somos.
Por onde passamos, diga-se a bem da verdade, fomos amigos. Juntos pela vida, fomos destaques de certo modo como políticos de coração, estudantes, fazendários  e conterrâneos amantes da boa e querida terra de Papai Raimundo.
Um amigo em comum- Zé de Lima - me criticava e dizia à guisa de brincadeira e chacota “Aí vai João Viera do PSD como crítica as nossas divergências costumeiras”.
Vale a pena lembrar, são coisas de nosso torrão estimado!
João Bitu




quarta-feira, 23 de julho de 2014

NOSSA RUA INESQUECÍVEL




                        NOSSA RUA INESQUECÍVEL

                        A Rua Major Joaquim Alves em Várzea-Alegre, tinha início junto à Usina Primo na entrada da estrada que leva ao curso do Machado, conduzindo aos Grossos através de um longo e estreito corredor alagado durante o período chuvoso, ladeado por cercas de arame farpado.  À esquerda fica a Praça Santo Antônio e ao lado direito a Bethânia, por cujo bairro acessa a cidade toda aquela gente procedente das Carnaúbas e de tantos outros sítios ao leste do Município.
                        A cidade ali começava e numa ligeira subida até a bodega famosa de ZEBITU, tinha pela frente  um  monte não muito grande chamado Alto dos Silvas, pequeno trecho de rua onde foi construída a Capelinha de São Francisco, habitado em sua maior parte pela família Frutuoso,  gente bastante estimada na localidade.
                        A Major Joaquim Alves tendo de em lado a Usina Diniz e do  outro a renomada Mercearia de Zebitu, prosseguia rumo ao Centro, em perfeito alinhamento, abrigando famílias ilustres e bem relacionadas. A majestosa Igreja de São Raimundo Nonato, tinha em frente uma pracinha simples, cuja beleza  natural era ofuscada pelo esplendor da Igreja Matriz. A casa Paroquial era situada na esquina  da praça que por uma estreita rua ia findar na Lagôa de São Raimundo Nonato, próxima ao bairro Vazante de saudosa recordação.
                        Reiniciava-se o trajeto e sempre portando belas residências ia parar junto à Praça Velha, cortada pelo Beco de Gobira ( hoje ZÉ Clementino merecidamente), tendo em frente um antigo prédio onde funcionaram os estúdios da Amplificadora “A VOZ DE VÁRZEA ALEGRE”, órgão de reconhecida utilidade pública, notadamente,  para a nossa juventude. Este lado da Rua prosseguia até a loja de Natanael Moreno e, consequentemente, a Praça Nova, hoje conhecida por Praça dos Motoristas. No lado oposto havia em grande escala a existência de Lojas de Tecidos.  Desde Zé Rolim até Vicente Moreno e Casa ABC e depois a Farmácia de Hamilton Correia. Aí findava nossa rua. Começavam a Rua do Juazeiro e  a Duque de Caxias, também com outras denominações atualmente.
                        A praça Nova era o ponto de encontro da Juventude, que passeava à noitinha ao som das mais  lindas músicas e onde tiveram início grandes romances. Pode-se dizer que aquele local poderia ser chamado o coração da doce terra!
Enfim, ao término da citada rua. estavam as residências do industrial Joaquim Diniz e a do Famacêutico Hamilton Correia, que foi por várias vezes Prefeito da cidade.
                        Salve Várzea-Alegre, salve nossas pracinhas, salve o lugar que foi o berço de nossas existências. Muita coisa poderá  ser mudada, mas não mudará jamais  o nosso amor por aquelas plagas abençoadas, donde ausentes estamos por força do destino, mas apenas fisicamente, porquanto, os nossos corações alí permanecem para sempre fincados.
DEUS assim nos conservará!
João Bitu

                       




terça-feira, 22 de julho de 2014

AS QUERMESSES EM MIGUELÓPLIS


                                            AS QUERMESSES EM MIGUELÓPOLES

                              Anualmente por ocasião dos festejos juninos acontecia no sítio Juazeirinho, localidade situada bem ao lado da ribeira ou Estrada Velha entre as Canaúbas e o Açude das Caraíbas, já nas proximidades do Distrito de Canindezinho, num pequeno povoado que foi criado por iniciativa e direção do Senhor Miguel Marica, avô do cantor e compositor ZÉ CLEMENTINO, cidadão muitíssimo conceituado naquela região - as  comemorações  em alto estilo  dos festejos juninos e de São Pedro.o.

                              Entre as décadas de quarenta e cinquenta foi erigida uma Capelinha muito bonita e daí as missas e demais cerimônias religiosas passaram a ser celebradas em suas dependências, quando antes ocorriam na residência daquele patriarca. Com a edificação da Igreja, Padre Otávio batizou o locai com o nome de” MIGUELÓPOLES” em  homenagem ao seu fundador,  que significa  cidade de MIGUEL.

                             Por ocasião dos festejos acorriam muitas  pessoas atraídas não somente  pelas  atividades religiosas que eram dignas de muito respeito e apego, mas também e principalmente pela existência de comestíveis diversos e   a apresentação   de  brinquedos infantis como reco-reco, colares de coco catolé, bolinhas plásticas de variadas  cores e  de inúmeras  outras  maravilhas que encantam os olhos da  criança.

                                 O vigário de Várzea Alegre era o Padre José Otávio de Andrade, nascido em Bebedouro na região dos Inhamuns, estimado sem exceção por toda gente da comarca. Tinha como assistente principal, João Batista (ou João de Seu Amadeu), uma figura queridíssima notadamente pelo seu alto senso de humor, por todos que o conheciam.  Costumava fazer presepadas as mais interessantes possíveis e contar anedotas ao seu gênero.

                                        Eram criados dois partidos com o objetivo  de angariar  fundos  para custeio das despesas a saber: O partido AZUL e o partido ENCARNADO, que davam motivação a uma acirrada disputa que esquentava os ânimos de seus participantes e adeptos.                                                                                                                                                                                                                                       

                               De toda circunvizinhança vinham fiéis cheios de fé e confiança em busca de ativar e renovar seus propósitos e sua luta contra o pecado, pela assistência às cerimônias religiosas, pela confissão e pela comunhão por intermédio do sacerdote aos pés de Santo Altar. A Capela toda enfeitada com flores e as imagens alegremente rodeadas de inscrições com dizeres cristãos davam a tonalidade fiel das comemorações. Era uma atração à parte. Lá  fora  a alegria contagiante  com o pipocar dos fogos de artifícios, bombas, traques  e  gritos    estridentes das crianças geravem um majestoso  espetáculo;

                                    Até de localidades mais distantes as pessoas de todas as idades vinham  aos festejos  para assistir as missas, rezar, confessar seus delitos,comungar diante do seu sacerdote. Eis que em certa ocasião, como nos foi relatado pelo próprio sacristão, duas senhoras já de idades bastante avançadas, chegaram para receber aqueles sacramentos da Igreja, contudo a cerimônia havia terminado há algum tempo, o que as levou a lamentar e chorar copiosamente pelo tempo perdido e pela caminhada empreendida inutilmente. Compadecido diante daquele malogro João Batista, homem solícito e caridoso e não muito comprometido com os rígidos critérios da Santa Igreja, achou por bem contemplar as duas velhinhas sofridas com a realização da santa comunhão e o fez pessoalmente, deixando-as felicíssimas conscientes de haverem alcançado  as suas aspirações.
Receberam das mãos de João Batista a hóstia sagrada que, na época, só era ofertada em comunhão pelo sacerdote.
ta a hóstia Sagrada o que, na época,  só era permitido ao sacerdote
                                          O que não se sabe, entretanto, é qual teria sido a reação de Padre Otávio, ao tomar conhecimento daquele procedimento fortuito de nosso bem estimado e  prestimoso Sacristão.

João Bitu


quinta-feira, 17 de julho de 2014

MADALENA DE PININO



MADALENA DE PININO



“Cleidnha o seu irmão e Padrinho Joãozinho ama muito você, ame-o TAMBÉM e lhe  fará um enorme bem: Asseverou nossa amável MADALENA! 

Desde o venturoso dia 24 de junho, quando chegou àquele belo casarão no sítio Carnaúbas,bonito e saudável como ele só,  situado à beira do Riacho do Machado uma visita que era ansiosamente esperada  pelo casal proprietário e residente naquela   mansão maravilhosa. Existia bem em frente dela para sombra e deleite dos habitantes da localidade, uma árvore antiga denominada Pau Mocó que os tempos desfolharam e por fim a extinguiram indiferentes a sua beleza e utilidade, conquanto, os trabalhadores da vizinhança faziam uso da sombra para  a sua  sesta reparadora ao meio dia,  isto quando não usavam-na  para outras várias utilidades como por exemplo, afiar seus instrumentos de luta na roça a saber, enxada, foice, roçadeira e outros tantos objetos do gênero. Através de um pedaço de ferro do tamanho adequado, adquirido dos restos de uma qualquer ferrovia construída ao longo da região e um martelo de porte médio, era feita a amolação dos eficazes instrumentos de serviço. Infelizmente esta prática de certo modo trazia sérios incômodos em razão do barulho estridente que ocasionava, principalmente,  por ser executado no horário de repouso daquela gente.
Naquela data, entretando,  houve silencio. Um silêncio programado por motivo da chegada tão ansiosamente aguardada da visita ao lar dos BITUs. Houve barulho sim, mas um barulho festivo, comemorativo, lindo e maravilhoso que saltitou e transbordou nos corações daqueles felizardos”papais”, compadre Zé Bitu e Comadre Vicentina, bem como dos demais irmãozinhos  que da mesma forma vibravam e pulavam de total felicidade. Como havia contentamento naquele bendito lar!  Era a vinda de mais um bem precioso que vinha aumentar a alegria de uma gente graciosa e dedicada por extremo à prole já existente. Logo a notícia se espalhou na vizinhança e os festejos se intensificaram  em alto estilo. A sombra do frondoso Pau Mocó que por força da eventualidade teve ligeiro recesso, teria o reinicio de suas barulhentas atividades funcionais e as ferramentas voltariam a ser amoladas.
Aí então coube a Joãozinho a doce incumbência de nos levar a tão grata notícia que em verdade merecíamos receber, desde que muito amigos e ligados à família desde anos e mais anos de convívio e atividades mútuas. Lembro=me com alegria quando ele surgiu ao topo da ladeira que se aproximava de nossa casinha na Lagoa de Dentro e gritou freneticamente: “MADALENA nasceu uma menina muito bonita mas pretinha que só o fundo de uma  panela de barro”. Esta comparação, por demais exagerada, era por conta de sua grande alegria quase incontida, pode-se deduzir é claro e mais que evidente.
 
Em verdade, nossa MADALENA DE PIININO, era uma pessoa de enorme importância para nossa família, tanto como pessoa humana como na qualidade de serviçal, porquanto, foi nossa lavadeira por muito tempo, cobrando a irrisória quantia de “um tostão”  por peça.   DONA VICENTINA fornecia o “SABÃO DA TERRA” magistralmente fabricado por ela mesma.
A respeitável  lavadeira  concluia  a operação com sua mão de obra  e a água  branco-azulada da Lagoa de Dentro, local onde tinha sua residência.   
Resta ainda citar com muita  justiça o seu alto senso de responsabilidade, carinho e afeto para conosco. DEUS a tenha minha cara MADALENA DE PININO!
 - Cleidinha, assim tudo aconteceu, lembro-me com a mais absoluta clareza, que DEUS lhe abençoe!
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João Bitu